AGRICULTURA
ABELHA “ARAPUÁ”
POLINIZADORA OU PREDADORA ???
Essa pequena melífera, “Arapuá” (Trigona spinipes) é encontrada em todas as regiões brasileiras. Também conhecida pelos nomes arapuã, irapuã, irapuá e aripuá no nordeste brasileiro É uma abelha sem ferrão, da espécie meliponini, de coloração negra reluzente. Mede cerca de 6,5mm de comprimento, com pernas ocreadas e asas quase negras na metade basal e pouco mais claras na metade apical.
HABITATE DE ABELHA ARAPUA
Habita em colmeias externas, aéreas e globosas, produzidas a partir de uma mistura de barro úmido, capim seco e, principalmente, excrementos de animais (bovinos, equinos, caprinos, cães e gatos).
ESTRUTURA DO NINHO
A estruturas do ninho é preparada à base de batume, formando um escutelo, invólucro, uma câmara de cria e depósitos de alimento. Normalmente, o batume proporciona grande resistência às paredes externas, porção rígida e visível que protege a colônia.
COMPOSIÇAO DO HABITATE DA ABELHA ARAPUA
É composto de barro, resinas, detritos, fibras vegetais extraídas do lixo e de fezes de animais. O escutelo é a estrutura interna maciça em forma de disco produzida por diversos resíduos, como corpos e excrementos de abelhas, própolis endurecido e cerume, que proporciona uma estrutura interna firme para as construções dentro do ninho.
OBRA DE ENGENHARIA DA ABELHA ARAPUA
Na realidade, é uma obra de engenharia capaz de causar inveja a qualquer construtor, demonstrando a tenacidade e capacidade desse pequeno inseto.
TIPO DE MEL PRODUZIDO
Produzem um mel sujo e impróprio para o consumo humano, não obstante possua características e propriedades medicinais. Seu uso humano está condicionado à pasteurização, porque em seus compostos estão incluídos coliformes fecais e outros microorganismos nocivos.
Quando habitam matas densas, onde há uma extensa variedade de flores, não lhes falta alimento de forma que, essas abelhas possuem grande importância na polinização das espécies vegetais. Possuem a “ corbícula” uma espécie de cesto localizado em suas patas posteriores onde acomodam e transportam materiais coletados no ambiente de volta para seus ninhos. Possuem uma resina no corpo, o que as torna pegajosa quando a tocamos. Muito embora não sejam agressivas ao extremo, defendem-se quando ameaçadas.
Os ambientalistas defendem sua preservação , visto que, é uma polinizadora de resgate o que a torna uma grande aliada ao reflorestamento e afirmam que, por tratar-se de uma abelha generalista, ao chegar em um ambiente degradado, com poucas árvores, consegue estabelecer seu ninho. Se existirem, mesmo que, poucas, espécies vegetais onde possam buscar o alimento, ela consegue prover a polinização. Com isso, as espécies vegetais conseguem sobreviver e atraem novos grupos de animais.
Por outro lado, as abelhas “Arapuá” são grandes predadoras, principalmente nas culturas de citros, como a laranja, o limão, Lima da Pérsia, tangerina, também, conhecida como bergamota, a mexerica e plantios de frutas exóticas, como o Kiwi, a Pitaya, Grumixama, Mirtilo e outras, como a mangueira. Nessas culturas o Arapuá costuma destruir a brotação “roendo” os pequenos brotos, o que impede o crescimento da planta, além de abrir caminho para pragas e doenças, especialmente, a antracnose causada pelo fungo “Colletotrichum truncatum”.
Nas mangueiras, as abelhas “arapuá” atacam os brotos superiores, no início da primavera, abrindo caminhos para a antracnose que, ao incidir em ramos novos mata completamente o ponteiro, com sintomatologia muito semelhante a da morte de ponteiros causada por bactérias. O fungo pode sobreviver na forma saprofítica, em partes afetadas remanescentes na árvore ou no chão, como restos de ramos, flores ou frutos.
PORQUE PRESERVAR MATAS NATIVA E CILIARES
A grande incidência de ataques das abelhas Arapuá nos pomares do sudoeste e centroeste brasileiro, ocorre em razão dos pequenos núcleos de áreas de preservação, matas nativas e ciliares. Sem floração das espécies nativas, para sua subsistência natural, essas abelhas migram em direção aos pomares onde causam grandes estragos. Alguns produtores rurais, quando começam a experimentar grandes prejuízos, pesquisam nos núcleos de preservação, matas nativas e florestas extrativas mais próximas, a existência dos “ninhos” e buscam extermina-los, derrubando-os das árvores e pulverizando a colmeia com óleo diesel.
No entanto, esse “contra-ataque” humano normalmente não produz efeitos satisfatórios, visto que essas abelhas não são oriundas de uma única colmeia, mas sim, de dezenas delas espalhadas estrategicamente em diversos núcleos florestais, como os seringais, plantações de eucalipto, Teka, além de matas nativas e ciliares, geralmente, construídas em uma altura dentre 6 (seis) a 9 (nove) metros.
A questão da abelha “Arapuá” cuja preservação é defendida pelos ambientalistas, considerando-as como elementos de suma importância à preservação das matas nativas e por consequência, a biodiversidade, enfrenta a busca da preservação dos pomares, das lavouras de citros e de frutas exóticas que, também, possuem grande importância na economia familiar dos pequenos produtores rurais que tem nessas culturas de frutas a sua subsistência.
É certo que, o “homem” invadiu o “habitat” natural das aves e animais silvestres, na evolução natural e o avanço da densidade demográfica, quando chegou a necessidade da construção das áreas urbanas e o desmatamento que deu lugar às culturas. Nessa linha de raciocínio o caminho natural é a conciliação dos direitos e obrigações, buscando-se a solução adequada para uma convivência harmoniosa dentre o homem e a natureza, aqui compreendida a flora e a fauna. Para tudo há uma solução. Em nossas pesquisas encontramos a solução correta e adequada para a abelha “Arapuá”. Consultem-nos.
Zé Aroeira.